Startup liderada por mulher em Maceió representa a indústria de Alagoas na COP16, na Colômbia
A startup alagoana Nosso Mangue, incubada no HUB de Inovação e Tecnologia do Senai Alagoas, foi selecionada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para representar o estado e o Brasil na 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP16).
O evento, que ocorre de 21 de outubro a 1º de novembro em Cali, na Colômbia, reunirá 196 países para discutir estratégias globais de conservação e regeneração de ecossistemas, alinhadas ao Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, assinado em 2022.
A Conferência das Partes é uma reunião global que acontece anualmente com o objetivo de discutir medidas para a preservação da diversidade biológica do planeta. Durante a sua 16ª edição, os países discutirão questões relacionadas à conservação da diversidade biológica, ao uso sustentável de seus componentes e à distribuição justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos. O objetivo é encontrar soluções para os problemas críticos que o planeta enfrenta.
A Nosso Mangue é especializada no reflorestamento e regeneração de manguezais, considerados “berçários” da vida marinha. Liderada por uma mulher alagoana, a startup já plantou mais de 15 mil mudas e retirou mais de meia tonelada de resíduos dos mangues do Pontal da Barra, em Maceió. Além disso, promove ações de ecoturismo e educação ambiental, capacitando comunidades ribeirinhas na preservação de seus territórios. Essas iniciativas estão em sintonia com as metas globais de conservação e os princípios da bioeconomia, uma prioridade da indústria brasileira.
Mayris Nascimento, idealizadora do projeto, vê na participação na COP16 uma oportunidade de dar visibilidade ao trabalho realizado em Alagoas. “Representar o estado com o Nosso Mangue na COP16 é uma honra e uma enorme responsabilidade. Significa colocar a riqueza dos nossos manguezais e o compromisso com a sustentabilidade no cenário internacional, mostrando que é possível conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental”, destaca.
Desafios globais
Durante a COP16, a startup participará de discussões sobre financiamento para ações de conservação, repartição justa de benefícios relacionados ao uso de recursos genéticos, monitoramento de metas de biodiversidade, entre outros assuntos.
Julia Pupe, analista da Gerência de Recursos Naturais da CNI, destaca que a seleção da startup pela Confederação demonstra a importância de ações locais para enfrentar desafios globais, reforçando a presença da indústria alagoana nos debates internacionais sobre sustentabilidade.
“Como maior representante da indústria nacional, a atuação da CNI na COP16 reforça o engajamento da indústria brasileira com a biodiversidade e a necessidade de integrar práticas sustentáveis aos negócios”, destaca a analista.
Documentos estratégicos
A entidade apresentará documentos estratégicos, como a “Visão da Indústria para a COP16 de Biodiversidade”, que destaca temas prioritários para o Brasil, e o estudo “Integração da Biodiversidade aos Negócios”, que oferece recomendações práticas para o setor. Essa participação reafirma o compromisso com a preservação da biodiversidade e a integração da agenda ESG em suas operações.
Após o evento, serão elaborados materiais e estudos para capacitar o setor em questões relacionadas à biodiversidade, criando um canal de comunicação com stakeholders globais para compartilhar práticas e experiências.
Cristina Suruagy Nogueira, diretora de Educação e Tecnologia do Senai Alagoas, ressalta o papel essencial do HUB Senai de Inovação no apoio a startups que combinam tecnologia e sustentabilidade. “Nosso foco é na transformação digital e na sustentabilidade. Oferecemos consultoria e desenvolvimento de soluções digitais, e o Sistema Fiea está comprometido com a agenda ESG, promovendo bioeconomia e transição energética”, afirma.
Compromisso com a sustentabilidade
Como entidade comprometida com a sustentabilidade, a Fiea atua como um canal para disseminar informações e práticas sustentáveis para o setor industrial alagoano, incentivando mais empresas a integrarem a biodiversidade em seus negócios. “O Sistema Indústria do Estado de Alagoas tem se posicionado como principal promotor dessa agenda, lançando recentemente o programa ‘Conectando o futuro: Avançando com ESG na Indústria’, o qual, por meio de uma mobilização empresarial, levantou as principais demandas das indústrias locais nos temas da Bioeconomia, Transição Energética, Transformação Digital e Economia Circular”, destacou a executiva.
Além do apoio da CNI e do HUB Senai, a startup conta com o suporte de empresas como a Maceió Investe. Mariane Silveira, gerente de captação de novos negócios, destaca que a parceria com o Nosso Mangue está alinhada aos objetivos da empresa. “A criação da Maceió Investe tem o objetivo de manter e expandir os níveis de crescimento da cidade. Por isso, entendemos que investir nos ativos estratégicos é uma forma de promovermos o crescimento sustentável, a inovação e a prosperidade econômica. O meio ambiente emerge como um ativo especial em Maceió, pois o sistema costeiro e estuarino-lagunar e a insolação da cidade não apenas atraem para o turismo, mas também pode se converter em uma fonte de energia sustentável”, diz.
Com sua participação na COP16, a startup Nosso Mangue, em colaboração com a indústria alagoana e outros apoiadores, busca demonstrar que o desenvolvimento sustentável é um caminho viável para a conservação de ecossistemas essenciais, como os manguezais, e para o fortalecimento da economia verde em Alagoas.